Debate

07

Maio

2021

18h00 - 20h00

Online

No âmbito da série de debates "Memoralizar e descolonizar a cidade (pós)colonial", 05.05. - 07.05. 2021, organizada pelo Goethe-Institut Portugal

Estratégias para descolonizar a cidade   

Este debate é dedicado às estratégias e desafios dos processos de descolonização nas cidades europeias. A investigadora Noa K. Ha  e os antropólogos Miguel Vale de Almeida e Maria Paula Meneses falam sobre o legado colonial na cidade, da questão de como lidar com estátuas de figuras históricas contestáveis e sobre as histórias escondidas de Lisboa.

Moderação: Marta Lança

 

Uma colaboração entre o Teatro do Bairro Alto e o Goethe-Institut Portugal.

+-

Biografias

Maria Paula Meneses

Antropóloga moçambicana, doutorada pela Universidade de Rutgers (EUA). Até 2003, foi professora da Universidade Eduardo Mondlane (Moçambique), sendo actualmente investigadora do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. De entre os temas que tem vindo a trabalhar destacam-se os processos identitários, as fracturas coloniais e a questão pós-colonial. Publicações recentes: "Law and Justice in a Multicultural Society: the case of Mozambique" (Dakar, Codesria, 2006, em colaboração com Boaventura de Sousa Santos e João Carlos Trindade). Publicou recentemente "Os Saberes Feiticeiros em Moçambique: Realidades materiais, experiências espirituais" (Coimbra: Almedina, 2019) e "Mozambique on the Move. Challenges and Reflections" (com Sheila Khan e Bjorn Bertelsen, 2018).  

Miguel Vale de Almeida

Doutorado em Antropólogia, é professor catedrático no ISCTE-IUL e investigador do CRIA, onde dirigiu, até 2015, a revista “Etnográfica”. A sua pesquisa – com trabalho de campo em Portugal, Brasil, Espanha e Israel/Palestina - tem versado questões de género e sexualidade, bem como etnicidade, “raça” e pós-colonialismo. Tem vários livros publicados em Portugal e no estrangeiro, destacando-se “Senhores de Si: Uma Interpretação Antropológica da Masculinidade”, “Um Mar da Cor da Terra: ‘Raça’, Cultura e Política da Identidade”, “Outros Destinos: Ensaios de Antropologia e Cidadania”, “A Chave do Armário. Homossexualidade, casamento, família”, sendo o mais recente “Aliyah. Estado e Subjetividade entre Judeus Brasileiros em Israel/Palestina”. Além de cronista, escritor e blogger, tem sido activista dos direitos LGBT e foi eleito Deputado à Assembleia da República em 2009, tendo estado envolvido na aprovação do casamento igualitário. 

Noa K. Ha 
Ensinou e orientou investigação em Universidades de Berlim e Dresden. Atualmente é directora científica interina no Centro Alemão de Integração e Investigação Migratória - DeZIM. O seu trabalho centra-se nos estudos urbanos pós-coloniais, na política de memória migrante diaspórica, nos estudos críticos da integração e na crítica do racismo. Após estudar planeamento paisagístico na Universidade Técnica de Berlim, concluiu um doutoramento em arquitectura sobre informalidade e racismo utilizando o exemplo do comércio de rua em Berlim. Dirigiu o Centro de Estudos de Integração na Universidade Técnica de Dresden até Julho de 2020. Fez parte da direcção do Conselho das Migrações de Berlim e esteve envolvida em várias iniciativas pós-coloniais. Em 2012 coorganizou a conferência "Decolonize the City!" na Fundação Rosa Luxemburgo.
Marta Lança

Doutoranda em Estudos Artísticos sobre Programação africana em Lisboa (FCSH - UNL), editora da plataforma BUALA (www.buala.org) e coordenadora da parte portuguesa do projeto do “ReMapping Lisboa e Hamburgo”.

+-

Sinopses

MARIA PAULA MENESES: LISBOA - HISTÓRIAS OCULTAS E LINHAS CONTÍNUAS 

Silenciar e esquecer são verbos que cruelmente revelam como se constrói a história. As ruas e casas de Lisboa falam-nos ainda em surdina de uma riqueza de trajetórias vividas aqui por africanos e africanas. Reconhecer estas histórias é condição para a democratização da sociedade portuguesa.

MIGUEL DE ALMEIDA: COMO ABANAR ESTÁTUAS? OS DEBATES SOBRE DESCOLONIZAR A CIDADE 

As posições antagónicas, criadas pelo debate em torno dos objetos e símbolos de "memória" e "História" (sobretudo colonial) no espaço público, levarão certamente à necessidade de formas de intervenção que permitam ultrapassar as meras posições de princípio, as charneiras discursivas, e passar à ação e experimentação. Sendo os contributos dos historiadores fundamentais, que contributo pode dar a experiência das práticas e reflexões antropológicas? Propõe-se um brainstorming de propostas sobre maneiras de contextualizar, hibridizar, interpelar, colaborar e performar sobre e em torno desses símbolos, incluindo a diversificação do que se entende serem esses símbolos, para lá dos objetos estatuários ou monumentais.

NOA K. HA: MEMÓRIA PÓS-COLONIAL COMO UM DESAFIO. O LEGADO DA COLONIALIDADE NA CIDADE 

Quando a desmemorialização e a memorialização colidem, surgem fendas, contradições e conflitos que nos fazem tomar consciência de que não vivenciamos a mesma história nem a recordamos juntos. Na Europa pós-colonial, as fendas causadas pelos legados coloniais tornam-se cada vez mais evidentes à medida que a disputa pela igualdade tem assumido nova dimensão pós-colonial, abalando a história da Europa e dos seus monumentos. Para que seja possível memorializar esta história, é necessário levar a memorialização pós-colonial como um desafio.

Video do evento
Videos sobre o tema

No âmbito do projeto "ReMapping Memories Lisboa-Hamburg: Lugares de Memória (Pós)Colonial", foram realizados quatro vídeos de apresentação, com alguns excertos de entrevistas que foram realizadas durante a pesquisa para o projeto.

Entrevistados: Gisela Casimiro, Jean-Yves Loude, Luzia Gomes, Elsa Peralta
Imagem e montagem: Rui Sérgio Afonso
Entrevistas e coordenação: Marta Lança
Música: Ninho Marimbondo Produções

No âmbito do projeto "ReMapping Memories Lisboa-Hamburg: Lugares de Memória (Pós)Colonial", foram realizados quatro vídeos de apresentação, com alguns excertos de entrevistas que foram realizadas durante a pesquisa para o projeto.

Entrevistados: Apolo de Carvalho, Luzia Moniz, Nuno Simão Gonçalves, Kiluanji Kia Henda
Imagem e montagem: Rui Sérgio Afonso
Entrevistas e coordenação: Marta Lança
Música: Ninho Marimbondo Produções