Na verdade, essa placa comemorativa terá mais a ver com o enaltecimento do colonialismo, não tanto com o colonialismo em concreto, tal como aconteceu na prática, ou com a guerra. O que pretendo dizer é que a Igreja de São Miguel não esteve diretamente envolvida, mas que mais tarde, após a guerra, honrou a memória dos soldados e, através deles, da Schutztruppe, que esteve envolvida no genocídio dos Ovaherero e dos Nama. Nesse sentido, tem indiretamente a ver com o colonialismo.
"A Igreja em geral, não necessariamente a Igreja de São Miguel em concreto, está envolvida no processo histórico. Não podemos simplesmente ignorar esse facto."
As pessoas esquecem-se sempre que a Igreja, os missionários foram os primeiros a começar a converter pessoas.
Há alguns anos estive com colegas em Hamburgo e para nós foi realmente chocante ver uma tal placa no interior de um local de culto. Nessa altura, fizemos ouvir o nosso protesto e falámos com o pastor. “Assim não pode ser”, dissemos. “Tem de complementar a placa com informação e esclarecer o seu significado!”
Nessa ocasião, o pastor prometeu-nos que iria fazer qualquer coisa a esse respeito. Tomámos a iniciativa de, por baixo da placa, colocar uma imagem que mostra crânios a serem embalados por soldados alemães para posterior transporte de Swakopmund para a Alemanha. No entanto, quando estive em Hamburgo no ano passado, essa imagem com informação complementar havia desaparecido. O pastor deve tê-la retirado. Trata-se de um homem de Deus, mas no fundo não cumpriu a sua promessa. Na verdade, acho isso triste.