“Misturando acontecimentos históricos com narrativas ficcionais, Ditas e Desditas da Estatuária Lisbonense reúne um conjunto de histórias centradas em monumentos e conjuntos escultóricos de Lisboa. Funcionando como uma série online, é apresentada sob a forma de páginas web, compostas de texto, imagens fotográficas em maior ou menor grau manipuladas e ligações para fontes bibliográficas e outros recursos.
Trata-se de um trabalho lúdico, com aspetos deliberadamente informativos, sem se pretender esgotar nestes. A maioria das peças examinadas foram construídas durante o Estado Novo; algumas são anteriores e outras posteriores. O título é algo impreciso pois, embora se aborde maioritariamente de estatuária, uma ou outra escultura abstrata é também referida. Mais do que as esculturas em si, é a forma como ocupam e se relacionam com o espaço em que se encontram, e como nos relacionamos com elas, o motivo central de todas as histórias.
Há monumentos que são do seu tempo, outros que sobreviveram a um tempo que já não existe, outros ainda que não se consegue exatamente ler a que tempo pertencem, mas todos dizem algo sobre o tempo em que nos encontramos — pelas escolhas em os manter ou retirar do lugar, pela forma como os tratamos ou deixamos ruir. A seleção das esculturas a tratar nesta série reflete uma preferência pessoal: muitas outras histórias, reais ou imaginárias, podiam ser contadas.
A série abre com uma visita a Belém, onde encontramos vestígios da Exposição do Mundo Português de 1940 no desenho da Praça do Império, e observamos o que mudou desde então. Visitamos também duas esculturas que foram retiradas dos seus lugares na sequência do 25 de Abril de 1974, e acompanhamos a sua história até aos dias de hoje.
Episódios subsequentes levar-nos-ão do Chiado dos poetas até ao antigo polo industrial da Damaia, passando por outro espaço monumental no centro da cidade: o Parque Eduardo VII.
Escolhendo focar-me narrativamente no passado recente, e estudando peças mais e menos conhecidas, mais e menos polémicas, mais e menos politicamente relevantes, espero contribuir produtivamente para algum debate em torno destes objetos de funções decorativas, pedagógicas e celebratórias com os quais partilhamos o nosso espaço.”
Isabel Brison
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Artico: Repensar as estátuas de Lisboa: esta é a tarefa da artista Isabel Brison